No mesmo comunicado, a FICV acrescenta que “os estragos causados pela água nos sistemas de saneamento e nas estruturas de higiene são, em parte, responsáveis pelo aumento dos riscos de saúde” e aponta que “as comunidades nas áreas mais pobres e nas regiões perto da Beira têm estruturas de saneamento e higiene desadequadas, o que expõe as famílias às doenças.”
A estação das chuvas será “uma ameaça real para a saúde destas comunidades, que estão já extremamente vulneráveis”, alerta o secretário-geral adjunto para as Parcerias da FICV, Jemilah Mahmood.
“Sabemos que os desastres futuros são inevitáveis, não os podemos evitar, mas podemos reduzir significativamente o impacto, se investirmos na capacidade humana local, ao aumentar o saneamento, as práticas de higiene e as infra-estruturas, construindo abrigos mais fortes que possam proteger das tempestades climáticas”, disse. O impacto dos ciclones, lamentou o responsável, deve-se em grande parte à falta de capacidade de prevenção e de investimentos anteriores aos desastres naturais e à falta de programação política.
“Esta é uma das lições mais dolorosas e pertinentes para Moçambique: os investimentos na preparação são pequenos para reduzir o sofrimento humano e para salvar inúmeras vidas, por isso apelamos aos Governos, aos doadores e aos actores humanitários para fazerem mais na prevenção e na redução dos futuros desastres aqui em Moçambique”, concluiu o responsável.
A Cruz Vermelha está a trabalhar junto das comunidades afectadas para preparar a estação das chuvas, através da reconstrução de casas resistentes às inundações e aos ventos, apoiando as comunidades na prevenção de surtos de doenças e ajudando os agricultores a semearem colheitas mais fortes para combater a insegurança alimentar, tendo já dado assistência a mais de 192 mil pessoas.
Um total de 714 pessoas morreu e mais 2,8 milhões foram afectadas por calamidades naturais durante a época das chuvas de 2018/2019, um período marcado pela passagem de dois ciclones de máxima intensidade (Idai e Kenneth) em Moçambique.