O Hospital de Campanha da Cruz Vermelha, com 60 camas, em Rafah, sul de Gaza, está quase no limite da sua capacidade depois de repetidos eventos com vítimas em massa. Entre eles, o ataque em Al-Mawasi no sábado, que resultou em 26 feridos, incluindo crianças atingidas por estilhaços. Este é o mais recente de uma série de eventos com vítimas em massa aos quais os profissionais da Cruz Vermelha têm respondido desde maio.
“Os constantes eventos com vítimas em massa resultantes das hostilidades implacáveis levaram ao limite a capacidade de resposta do nosso hospital – e de todos os estabelecimentos de saúde no sul de Gaza – de cuidar das pessoas com ferimentos potencialmente fatais”, afirma o chefe da subdelegação do Comité Internacional da Cruz Vermelha (CICV) em Gaza, William Schomburg. “Outro evento com vítimas em massa obrigaria as nossas equipas de médicos e enfermeiros a fazerem escolhas extremamente difíceis. As atuais necessidades médicas dos civis ultrapassam drasticamente a disponibilidade de material e de resposta em termos de assistência à saúde, uma vez que os hospitais têm sido obrigados a fechar em diversas ocasiões.”
Muitas das lesões mais graves estavam relacionadas com estilhaços e os sobreviventes vão necessitar de vários procedimentos médicos e terapêuticos para se recuperarem, antes de receberem alta do hospital. Entre as pessoas feridas no sábado está Ahmad Nahed, de 10 anos, que estava a fazer compras para a sua família quando foi atingido por uma explosão. Ele lembra-se de ter acordado no hospital horas depois de uma cirurgia para remover estilhaços do seu peito.
“É difícil imaginar o número de pacientes que precisam de reanimação após o fluxo de vítimas no sábado”, afirma o Dr. Pankaj Jhaldiyal. “No sábado, tivemos oito pacientes com ferimentos graves, com risco de perder a vida ou membros do corpo, que precisavam de cirurgias imediatas. É horrível de ver. Nestes casos, devemos responder rapidamente.”
Além dos 26 feridos levados às pressas de Al-Mawasi para o Hospital de Campanha da Cruz Vermelha para tratamento, a CV atendeu mais 850 pacientes no ambulatório na semana passada, quase metade dos quais são mulheres e um terço são crianças. Na sua maioria, foram deslocados das suas casas diversas vezes e vivem com pouca comida ou água potável, em áreas superlotadas, o que facilita a propagação de doenças.
Desde a inauguração do Hospital de Campanha da Cruz Vermelha, em maio, a equipa já realizou 12 mil consultas e mais de 500 cirurgias. Do total de procedimentos realizados, 80% estão relacionados com feridas diretamente ligadas ao conflito armado.
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