Passados vinte dias do início do Conflito na Ucrânia, os Operacionais da Cruz Vermelha e Crescente Vermelho que se encontram no terreno já apoiaram mais de 2 milhões de pessoas, através de assistência à saúde, alimentação, abrigo e fornecimento de água potável. Já nos países vizinhos, nas fronteiras, colaboradores e voluntários das sociedades nacionais da Cruz vermelha prestam, diariamente, apoio a milhares de refugiados. Em Portugal, além da articulação das várias campanhas de angariação de fundos que revertem para o Comité e Federação Internacionais, a Cruz Vermelha apoio o acolhimento aos refugiados que, entretanto, já chegaram a Portugal e, em articulação com as demais entidades, prepara a chegada de milhares de outras pessoas que, entretanto, já pediram Proteção Temporária ao nosso País.
Os efeitos dos conflitos na Ucrânia estão a ser sentidos em todo o mundo e são muitas as sociedades nacionais da Cruz Vermelha que estão a ajudar as centenas de pessoas que chegam aos respetivos países, oriundas da Ucrânia.
Em Portugal, no espaço de uma semana, a Cruz Vermelha já apoiou mais de 300 pessoas que fugiram do seu país.
Voluntários e colaboradores da Cruz Vermelha Portuguesa estão a ajudar as autoridades locais a equipar os centros de receção com abrigo, roupas, água, alimentos e artigos de higiene para adultos e bebés. Os voluntários da CVP estão, também, a fornecer primeiros socorros, apoio psicossocial, a disponibilizar informação sobre os serviços sociais e a trabalhar no Programa de Restabelecimento de Laços Familiares.
A chegada de pessoas de nacionalidade ucraniana ao país exige o esforço de todos e um trabalho de mobilização de recursos humanos, financeiros e materiais. Revela-se, pois, de extrema importância a disponibilidade de todos para, nesta fase, ser possível dar uma resposta efetiva e sustentada no tempo a estas populações vulneráveis que estão a chegar ao nosso País, sem nunca esquecer os compromissos da Cruz Vermelha com a população portuguesa, dos quais destacamos o apoio a cerca de 100 000 famílias vulneráveis.
O TRABALHO NO TERRENO DO CONFLITO
Presente no terreno desde o primeiro momento, a Federação Internacional das Sociedades da Cruz Vermelha e Crescente Vermelho (IFRC) alerta, nesta fase, para um cenário preocupante de propagação de doenças, agravamento das condições de saúde pré-existentes e consequências graves a médio e longo prazo. A disseminação da COVID-19 é uma preocupação particular, pois a taxa de vacinação na Ucrânia está entre as mais baixas da Europa, tendo apenas um terço da população recebido a primeira dose. Acresce a esta preocupação o facto da Ucrânia apresentar uma elevada taxa de tuberculose multirresistente, que pode ser potenciada pelo facto de parte significativa da população se estar a concentrar em espaços lotados (como, por exemplo, o metropolitano), com condições sanitárias muito limitadas, o que aumenta o risco de surtos de doenças infetocontagiosas.
Mais de duas semanas depois do início deste conflito, estima-se que 18 milhões de pessoas – um terço da população do país – venham a necessitar de assistência humanitária, sendo que mais de 2,3 milhões de pessoas já deixaram o País.
“Muitas das pessoas afetadas já eram vulneráveis antes do conflito e agora enfrentam uma situação ainda mais difícil, pois estão a perder as suas casas e os seus meios de subsistência, sendo forçadas a procurar abrigo ou a fugir do seu país em busca de segurança. Precisam urgentemente de comida, água e abrigo, mas também de cuidados médicos de emergência, medidas de proteção e apoio psicossocial para evitar uma catástrofe humanitária ainda maior”, disse Birgitte Bischoff Ebbesen, Diretora Regional da IFRC para a Europa.
Já a Presidente Nacional da Cruz Vermelha, Ana Jorge, insiste na necessidade de continuar a apoiar o trabalho do Comité Internacional e da Federação Internacional da Cruz Vermelha: “Recebemos diariamente informação da IFRC e é notório o trabalho desenvolvido pelas equipas da Cruz Vermelha e do Crescente Vermelho nos países vizinhos da Ucrânia. São milhares as pessoas que, diariamente, atravessam as fronteiras, sendo que a esmagadora maioria pouco mais leva do que a roupa que tem vestida. São essencialmente mulheres e crianças, sendo que a melhor forma de ajudar é aumentar a capacidade de resposta no terreno através da angariação de fundos. A solidariedade de todos é crucial para apoiar as populações afetadas”.
Neste sentido, a Cruz Vermelha Portuguesa está muito focada na angariação de fundos* para apoiar as respostas no terreno (Ucrânia) e nos países fronteiriços, onde vastas equipas estão a disponibilizar primeiros socorros e formação, a ajudar em centros de receção, a transportar pessoas para locais seguros e a distribuir bens de primeira necessidade, incluindo roupas quentes. Apesar do perigo de vida em que se encontram, 3 mil novos voluntários mobilizaram-se localmente para apoiar as suas comunidades.
AS RESPOSTAS, NOS PAÍSES VIZINHOS DA UCRÂNIA, DAS SOCIEDADES NACIONAIS DA CRUZ VERMELHA
Na Hungria, as equipas da Cruz Vermelha estão a operar em três postos de saúde na fronteira e também estão a administrar os centros de receção onde recebem pessoas que vêm da Ucrânia e distribuem bens de primeira necessidade.
Na Polônia, para onde 60% (mais de um milhão) das pessoas da Ucrânia estão a fugir, a Cruz Vermelha local ativou mais de 20 equipas de resgate, incluindo aproximadamente 450 médicos, que prestam assistência médica 24 horas e apoio psicossocial em cinco dos oito pontos de fronteira, bem como nas principais cidades.
Na Moldávia, voluntários e funcionários da Cruz Vermelha prestam apoio a aproximadamente 200.000 pessoas que chegaram da Ucrânia. Estão em todos os pontos de passagem da fronteira, oferecendo chá quente, comida, fraldas e equipamentos de proteção individual, incluindo máscaras e desinfetante. Os voluntários também estão a ajudar nos centros de receção, a apoiar a preparação de alimentos e atividades com as crianças.
Na Rússia, as equipas da Cruz Vermelha entregaram 187 toneladas de ajuda, incluindo roupas, kits de higiene, produtos para bebés e utensílios domésticos. Estão também a prestar apoio psicossocial e abriram uma linha direta de apoio à saúde mental, que, até à data, realizou 756 consultas.
Na Romênia, voluntários e funcionários da Cruz Vermelha estão em vários postos da fronteira distribuindo água, necessidades básicas, produtos de higiene e milhares de cartões SIM para pessoas que necessitem. A Cruz Vermelha está a ajudar as autoridades locais a equipar os centros de receção com abrigo, roupas de cama, alimentos e artigos de higiene e para bebés. Os voluntários também estão a visitar os centros de acolhimento e a ajudar as equipas locais a preparar alimentos e outros apoios necessários.
Na Eslováquia, a Cruz Vermelha está nas três passagens de fronteira do país, onde as equipas prestam serviços como abrigos aquecidos, encaminhamento para serviços essenciais e primeiros socorros. Como as pessoas estão em mobilidade, a Cruz Vermelha está a aumentar, rapidamente, o apoio ao longo das rotas. Este apoio inclui suporte psicossocial e disponibilização de espaços para crianças; serviços sociais, saúde e informação.
Nota do editor: A Cruz Vermelha da Ucrânia está no terreno e tem exata noção das necessidades. Compra, objetivamente, o que é fundamental às respostas que a cada instante se mostram prementes. O comércio local, em muitas localidades próximas das zonas de conflito, mantem-se aberto. Por esta razão, pela dificuldade acrescida na receção e gestão destes bens, porque o apoio à economia local é também uma preocupação e porque os encargos com o transporte aumentam desnecessariamente os custos associados, as Sociedades Nacionais da Cruz Vermelha e Crescente Vermelho não estão a aceitar doações em espécie neste momento.
A melhor forma de apoiar agora é fazer uma doação em dinheiro. Isso garante que as pessoas possam obter o que mais precisam no momento.